Os livros financeiros e as MPEs hoje

Gostaria de tratar aqui de um tema bastante atual e realista na vida dos empresários, principalmente aqueles que têm pequenas empresas comerciais ou industriais.

A pequena e média empresa vivem em um ambiente hostil no Brasil. E não é por causa da crise atual. Além do crédito escasso, ele também é caro, vivemos num ambiente de altos impostos, alta burocracia (que nos obriga a ter altos custos fixos) e um mercado grande demais, o que torna a venda cara e muitas vezes inviável em determinados territórios do país.

Por conta desses e outros fatores, a falta de recursos nas pequenas e médias empresas é típica no Brasil, o que faz com que o empresário esteja sempre descontando seus recebíveis, seja em factorings, seja em bancos. Isso reduz ainda mais suas margens e então, fecha-se um círculo altamente vicioso e prejudicial para a empresa e sua perpetuidade.

A solução do empresário seria buscar ajuda na literatura. Estudar sobre os fundamentos da área financeira, capital de giro, margens de contribuição, custos, e tal sorte de nomes que o empresário sempre conviveu, mas de forma intuitiva. No entanto até que ponto esse material e literatura realmente ajudam nessa fase dessas empresas?

Todos os livros que leio sobre capital de giro, por exemplo, partem do pressuposto que a empresa esteja com seu Balanço Patrimonial em dia. Que pequena empresa tem um Balanço realista? (que pequena empresa tem um Balanço?) Demonstração de Resultado? Quando muito as empresas têm um fluxo na forma de livro caixa simplificado. Índices diversos? Como consultor, nunca vi em nenhuma dessas empresas.

A única métrica que vejo as empresas se preocuparem é com a margem de contribuição, mas mesmo assim, muitas não possuem uma maneira precisa de calculá-la.

Posto isso, de que adiantam os livros? Sem contar que muitas das teorias financeiras são importadas dos EUA, onde as condições econômicas, tributárias e mercadológicas (entre diversas outras) são bem diferentes das condições brasileiras.

Infelizmente as pequenas empresas carecem de um outro tipo de conhecimento, que vem antes das teorias econômicas e financeiras. Chama-se Organização. É da organização da informação (através de sistemas, integrados ou não) que devemos partir. Sem o controle adequando do que acontece nas empresas fica inviável medir sua performance, seja ela qual for.

E na minha opinião, a principal ferramenta a ser organizada é o fluxo de caixa da empresa. Mas esse tema fica para um outro dia.

Em resumo, questiono um pouco a utilidade dos livros de finanças, tais como Gitman, Ross, Eduardo Fortuna, Assaf Neto, entre vários outros, que são ensinados nas Escolas de Administração e Cursos de Finanças.

Deveríamos olhar melhor a realidade dos empresários e perceber que infelizmente, na maior parte dos casos, devemos começar pelo básico. Administrar é uma arte e cada vez mais que entro numa pequena empresa vejo a carência por um administrador e principalmente de teorias que sirvam para sua gestão.

Os papas das Finanças que me perdoem, mas o Brasil é feito das pequenas empresas e toda nossa educação financeira deveria ser direcionada para elas.

Fonte: Administradores

0 comentários:

Postar um comentário